Nascer e Morrer
No mundo do Pai não existe nascimento e nem morte, ele sempre chama tudo de passagem. Isso facilita para nós se também aceitarmos que todos estamos aqui de passagem, simplesmente numa viagem onde faz parte dessa passagem o nascer e o morrer. Por mais que possa parecer dura a segunda parte da passagem, ela assim como a primeira, serve para nos ensinar a viver. A passagem de retorno serve para nos fazer refletir sobre a vida, porque é ela que nos ensina que devemos viver tudo com a máxima intensidade e que como tudo é uma passagem, precisamos saber que nada será para sempre, mas sim por um tempo.
Os filhos, ao qual damos a chance de realizar essa passagem, também servem para nos ensinar que por maior que seja a sua entre nós, sempre será breve. Os pais tanto lamentam a partida de um filho aos 6 anos como também lamentariam se ele tivesse 80 anos.
O nosso erro não está na lamentação, mas sim, na compreensão de que os filhos também serão passageiros em nossas vidas, que não deveríamos desperdiçar nosso tempo na busca de realizações materiais, mas sim em aprendermos a aprofundar nossa relação com eles. Porque depois da passagem deles por nossas vidas, o que vai restar será somente o que aprendemos e ensinamos a eles, todo o resto cairá no esquecimento e nossas vidas serão preenchidas, não pelas coisas materiais que proporcionamos a eles, mas pelo que fizemos eles sentir. Por tudo que pudemos compartilhar juntos, as brincadeiras, os sorrisos, suas birras, suas perguntas e atitudes inesperadas, enfim acabamos vendo que o que fica deles é tudo o que eles fizeram para nos desligar dos nossos problemas diários e nos diziam em outra linguagem que os verdadeiros valores da vida não se compram em supermercado, shoppings ou lojas de brinquedos.
Os verdadeiros valores da vida se conquistam na convivência diária, desde os momentos difíceis até os momentos mais serenos deles na nossa rotina.
A passagem de um filho sempre será mais dolorida se ficarmos buscando entender porque ele se foi, esse comportamento nos fará ficarmos presos na parte material da vida.
Procure não buscar encontrar essa resposta, procure sentir a presença de quem partiu para que sempre viva dentro de você. Somente essa atitude nos fará superar o mito da morte e também fará permanecer vivo dentro de nós as pessoas que amamos e queríamos que sempre estivesse presente. Somente assim poderemos compreender que nascer e morrer fazem parte da vida, mas manter vivo dentro de nós as pessoas que partiram é uma sabedoria daqueles que optaram por amar sempre. Porque o amor, sim, é uma energia que mantém vivo tudo e também é uma energia que faz tudo continuar unido, não importando onde será a nova passagem dessa pessoa, mas importando que por aqui, quando ela passou, foi amada e continuará sendo amada onde quer que esteja.
Atair dos Santos
11 de maio de 2014
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