Sem começo e Sem fim

Como seria se você vivesse e não houvesse começo nem fim?

Já parou para refletir sobre isso? A vida seria mais interessante ou seria mais monótona? Nós seríamos e viveríamos de maneira mais intensa? Daríamos menos valores a tudo que damos valores hoje? Como seriam nossas relações com as pessoas, com os filhos e com os pais?

Pois é, o que nos leva a essa sensação de começo e fim de tudo sempre?

Com certeza, fazemos isso desde a nossa entrada na dimensão, com o começo sendo o nosso nascimento e o fim sendo a nossa saída daqui.

Mas isso realmente não existe. Não estamos num eterno começo e fim de tudo. O que estamos é em uma enorme transformação contínua, onde não há começo e tampouco fim.

Ninguém consegue ser preciso em quando exatamente começou alguma coisa ou quando terminou alguma coisa em sua vida. Esse é o grande drama da ciência: não conseguir saber o começo e o fim das coisas.

Não conseguimos especificar isso porque, na verdade, início e fim não existem.

Estamos numa caminhada que irá fazer nosso encontro com o Pai. Então quando chegarmos lá significa que chegaremos ao fim? Não, quando chegarmos ao Pai não significa o fim de nossa jornada, significa uma etapa da jornada cumprida.

Precisamos compreender que somos energia e como energia não temos início e tampouco fim, só transformação o tempo todo. Nem nossa matéria tem fim, ela também se transforma e transforma.

O que vai fazer nossas vidas serem melhores é aceitarmos a inexistência do começo e do fim. A aceitação disso irá nos fazer viver de maneira livre, fazendo-nos usufruir de tudo com mais intensidade. Irá nos ensinar que nossa existência nada mais é que uma eterna transformação, onde por mais que queiramos, a vida é um eterno continuar. Por isso a importância do desapego, porque nada é para sempre, não importa o que seja.

A única coisa permanente que nós temos o tempo todo é a nossa transformação, que nos ensina que nada nos pertence e também que não pertencemos a nada, só fazemos parte de um TODO.

Atair dos Santos
Foto de Arfan A em Unsplash