Por que estamos tão carentes?
Nós realmente precisamos de grandes escolas ou de um grande país?
Nós realmente precisamos desse excesso de informações ou estamos só precisando de amor?
Nós realmente precisamos ser notados em nossas redes sociais ou só estamos precisando ser tratados com carinho?
Esse excesso de tudo que estamos procurando, nada mais é do que a prova da falta de afetividade que estamos tendo.
Somos cobrados e exigentes o tempo todo em tudo o que fazemos ou deixamos de fazer.
Nossas crianças crescem e qual os valores que estamos passando a elas? Que memórias afetivas elas estão tendo disso tudo que estamos fazendo?
O cidadão moderno está cada vez mais isolado dentro de inúmeros meios de comunicação. Mesmo assim, continuam cada vez mais distantes um do outro, vivendo dentro dos seus mundos cada vez mais pobre e entristecido.
O “sim” parece ter sumido do vocabulário de algumas pessoas. Temos dificuldades de dizer “sim” à vida e principalmente para nós mesmos.
Por mais que parecemos – dentre todas as gerações que passaram pelo planeta – ser a mais evoluída, com certeza essa é a geração que mais vive isolada.
A unidade não se constrói pelas divisões, mas pelo quanto conseguimos unificar por onde passamos, pelo que fazemos e somos.
O que realmente está acontecendo é que em algum momento da história perdemos essa nossa unidade. Quanto mais tentamos nos integrar por essas redes sociais modernas, mais estamos nos desintegrando e cada vez mais isolados em nossos feudos que vamos criando de valores e de interesses.
Estamos esquecendo que relações são feitas a partir de atos concretos, onde é preciso ter eu, você e o diálogo.
Atualmente, somos pessoas de palavras escritas e não mais de palavras faladas. Somos cidadãos do mundo fechado dentro de um quarto preso a uma tela de celular ou de um computador.
Acreditamos que com isso que viramos grandes cidadãos do mundo porque podemos dialogar com pessoas de todo o lugar, o tempo todo. E ainda podemos solucionar e auxiliar pessoas dessa maneira. Esquecemos que do lado de fora de nossas portas, as pessoas próximas estão tendo dificuldades e se sentindo tão sozinhas devido a nossa ausência diária na construção desses relacionamentos.
Não, meus queridos amigos. O mundo está farto desses grandes cidadãos que acham que estão resolvendo tudo de dentro de suas celas sociais. O mundo está carente de pequenos cidadãos que ainda conseguem ter amor, de cidadãos que ainda dão “bom dia” e que sinceramente se interessam se está tudo bem com você.
São desses cidadãos simples com alma livre e destemidos de amor que a humanidade está carente.
Onde está esse cidadão que lê isso agora? Ainda vive dentro de você. Ainda tem capacidade de abrir a porta do seu feudo e dizer: “venham, vamos sentar, conversar e aproveitarmos o tempo que ainda temos para amar e amar.” O tempo que ainda temos para dizer “sim” e dizer “sim” para a vida, para as relações, para nossos amigos, familiares e todos aqueles que de alguma maneira nos auxiliam todos os dias a realizar um pedaço dessa nossa caminhada em direção ao Pai.
O que estamos fazendo de nós mesmos e com tudo aquilo que a vida nos presenteia todos os dias?
Reflita que sua passagem não termina quando deixamos esse nosso corpo. Que a vida não é o que temos, mas sim o que somos. E o que somos nunca acaba, só se transforma com nossa capacidade de amar.
Atair dos Santos
Kenia, 02/11/18
Foto de Robin WorralL em Unsplash