“A Vida como Opção de Vida”

Nas nossas escolhas que fazemos em nossa passagem, acabamos nos perdendo diante tantas opções que nos são apresentadas.

O problema, com certeza, não está entre as opções de escolhas, está nos nossos desejos que são infindáveis, fazendo com que nossas escolhas acabem também sendo infindáveis.

O que tanto desejamos ao longo da nossa passagem? Onde nos leva nossos desejos? Que caminhos eles estão nos fazendo trilhar?

As respostas estão naquilo que chamamos de vida.

Quando ainda somos jovens, olhamos o horizonte da linha de chegada como algo muito distante e que teremos tempo para realizar todos os nossos desejos. Quando o tempo vai sendo consumido pelos nossos desejos, começamos a ver que a linha de chegada se aproxima e que na verdade fizemos poucas coisas. Perdemos uma parte da nossa caminhada sonhando ou correndo atrás de coisas que acabaram não nos servindo de nada. Fama, dinheiro, status, reconhecimento e outras coisas mais. Assim, acabamos percebendo que somos um amontoado de coisas que não nos servem para nada naqueles momentos em que estamos a sós com nós mesmos.

Percebemos que nossa passagem só nos mostrou que as escolhas que fizemos hoje não servem para muita coisa e muitas vezes provocam a dor de termos feito escolhas em cima de desejos que foram diluídos com o tempo. Hoje vemos que não temos nada, só sonhos não realizados ou sonhos realizados que hoje nos trazem mais incômodo do que prazer.

Viver está acima de desejar, está acima de acumular, está acima de poder.

Viver é estarmos intensos e presentes naquilo que fazemos e estamos realizando.
Quanto mais intensos e presentes somos no que estamos fazendo, maior será a nossa resposta na vida e mais plenos iremos nos tornar.

O que acumulamos serve para os outros visualizarem. O que somos, serve para nos acalentar e nos dar tranquilidade e paz nos momentos que precisamos de forças para superar as dificuldades da vida. Assim, saberemos que as nossas escolhas nos fizeram pessoas mais humanas e solidárias por onde passamos.

A nossa passagem só terá valido a pena quando passamos por aqui sem acumular coisas, mas realizamos aquilo que era preciso e não aquilo que justificamos como sendo preciso.

Atair dos Santos

Foto de Javier Allegue Barros em Unsplash