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A Mentira Que Somos

06 de dezembro de 2018

Apesar de todas as dificuldades que a grande maioria tem em trabalhar a realidade da rotina da vida, as pessoas acabam criando realidades virtuais, onde procuram preencher o grande vazio que estão mergulhados.

Nessas realidades eles criam a sua própria realidade. Passam a acreditar em uma fictícia e quando esta realidade fictícia se depara com a realidade da vida, acabam se revoltando e blasfemando contra tudo e todos.

No final, o que permanece sempre será a realidade da vida, aquela que muitas vezes negamos, mas que com toda a paciência ela vai nos mostrando que aquela realidade fictícia que criamos, serve para um tempo, mas não para vida toda.

Quando você se olha no espelho, o que realmente você vê? É real ou somente uma pessoa que só você acredita existir?

São essas as causas do sofrimento do mundo moderno. As pessoas criaram personagens que elas tentam a todo custo vender no trabalho, nas relações afetivas, nas amizades, nas noites quando saem. Enquanto ela está interpretando esse personagem vai preenchendo esse vazio, e quando se encontra sozinho, diante de si mesmo, onde não tem plateia para representar, esse vazio assume todo seu corpo e acaba nos mostrando o quão pequenos e pobres vamos nos tornando ao longo de nossa passagem.

Para que você vive? Para ser um dublê ou o personagem principal de sua história?

Enquanto estivermos criando essa realidade fictícia do que gostaríamos de ser, estaremos nos distanciando cada vez mais da nossa identidade energética e nos aproximando cada vez mais do fracasso como seres humanos.

A nossa passagem não é mensurada pelo que representamos diante dos outros, nossa passagem é mensurada pelo que conseguimos ser quando estamos sozinhos, porque é muito fácil enganar as pessoas, difícil mesmo é ser você o tempo todo. Sofrimento é estar o tempo todo convivendo com uma personagem que você criou e que sempre está representando aquilo que não é.

Esse é o sofrimento que abate essas pessoas que vivem fazendo um papel dentro do meio em que vivem. Por mais perfeita que seja a nossa interpretação, não conseguiremos nos enganar nunca. Podemos enganar a  todos, menos a si próprio.

A maior angústia é não podermos iludir a nós mesmos. Porque quando estamos conosco mesmo, a única verdade que fica é o que realmente somos, uma obra da realidade ou uma obra das minhas mentiras que criei sobre mim.

As mentiras que criei sobre mim mesmo irão desaparecer como pó ao vento, não restando nada do que fizemos, porque a mentira desaparece facilmente, deixando para trás só um caminho vazio e árido.

O que precisamos aprender é que nós seremos aquilo que nós vivemos e fazemos, e não aquilo que imaginamos viver e imaginamos realizar.

A linha é tênue entre o sofrimento e o prazer. Essa linha é sermos sempre nós mesmos, independente da situação que estamos vivendo. Precisamos compreender que um ser verdadeiro tem muito mais a mostrar do que um ser que sempre está procurando impressionar, mas tudo o que faz é uma ficção que não convence nem a ele próprio.

 

Atair dos Santos

 

Foto de Oscar Keys em Unsplash



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